Recentemente, acompanhamos o início de um novo fenômeno com potencial para impactar as organizações. O “quiet quitting” passou a chamar atenção nas redes sociais, e agora, atinge os debates organizacionais, com reflexões sobre a desistência silenciosa.
Quantas vezes você já ouviu frases como “trabalhei até as 22h na última semana”, “meu chefe pediu um relatório no domingo”? Ou até mesmo conhece alguém que leva o celular corporativo para a viagem de férias?
Se para algumas pessoas esse tipo de comportamento trata-se de comprometimento com o trabalho e “vestir a camisa”, a nova geração de talentos questiona esses hábitos e seus impactos a longo prazo, daí nasce o quiet quitting.
O fenômeno transmite o sentimento de renúncia, em prol da saúde mental. A viralização se deu com jovens compartilhando vídeos nos quais mostram que não fazem nada além das suas demandas diárias no trabalho, ou seja, apenas o suficiente para continuarem nas empresas.
Com isso, novos questionamentos são feitos, além de dividir opiniões, entre críticas e adesões. De todas as formas, é preciso que as empresas, líderes e profissionais de RH saibam como lidar com isso.
Sumário:
Na prática o quiet quitting sugere que os profissionais façam somente o necessário em seus serviços, colocando limites de horários e atividades, a fim de cumprir somente aquilo que foi acordado.
Em vídeos compartilhados no Tik Tok e Twitter, jovens norte-americanos começaram a divulgar uma nova iniciativa de trabalho, o chamado “quiet quitting”. O termo, tem tradução literal para desistência silenciosa, porém no Brasil também vem sendo entendido como demissão silenciosa.
O fenômeno, no entanto, não é respaldado por demissões voluntárias, pelo contrário, esses jovens não desejam deixar seus empregos. Mas, em forma de protesto às rotinas sobrecarregadas e demandas abusivas, o grupo vem buscando fazer somente suas obrigações dentro do horário de trabalho preestabelecido.
As interpretações são diversas, por um lado o quiet quitting vem sendo observado pela ótica de fazer “apenas o básico” e não se comprometer verdadeiramente com o trabalho. Já em outra perspectiva, o fenômeno representa a priorização da saúde mental e qualidade de vida, a fim de conciliar trabalho e vida pessoal.
Um dos reflexos da pandemia é o agravamento das doenças mentais, segundo estudo da OMS, depressão e ansiedade aumentaram mais de 25% apenas no primeiro ano do cenário pandêmico. Além disso, em pesquisa realizada pelo Infojobs, 69% dos entrevistados relatam que sentem exaustão física e/ou mental relacionada ao trabalho.
Nesse contexto, para muitos profissionais desistir do trabalho acaba sendo uma opção a fim de manter a saúde mental. Com isso, observamos em 2021 outro fenômeno, o da “Grande Renúncia” que se popularizou nos Estados Unidos e ganhou destaque em outros países.
Trata-se do comportamento recorde de pessoas que deixaram voluntariamente seus empregos, dados do Caged mostram que as demissões voluntárias aumentaram em 70% nos primeiros meses do ano no Brasil.
Em contrapartida, surgiu o quiet quitting, com o objetivo de minimizar a exaustão, fadiga digital e até quadros de Burnout, onde os colaboradores colocam as suas necessidades em primeiro lugar.
A difusão do quiet quitting acontece principalmente entre os profissionais mais jovens, que não estão colocando o trabalho no centro de suas vidas, diferente do que outras gerações faziam. O sentimento se perpetua também quando o debate sobre saúde mental no trabalho aumenta, além dos casos de doenças relacionadas.
O objetivo é criar uma cultura organizacional saudável, a fim de promover um novo perfil dentro das empresas, no qual a relação de trabalho seja boa para ambas partes. Na qual o funcionário se sente valorizado e motivado para contribuir com o sucesso das organizações.
Contudo, é importante diferenciar o funcionário que está desmotivado devido a sobrecarga e um colaborador que já não vê mais sentido em se comprometer, o que trará uma imagem ruim para si próprio.
O quiet quitting vem causando um grande debate nas empresas, principalmente entre as lideranças, isso porque a princípio o movimento estava sendo visto mais pelo lado do desengajamento dos colaboradores.
5 ações para promover o engajamento dos colaboradores
Porém, existe também o alerta voltado para as relações de trabalho desgastadas e sobrecarga dos funcionários, o que tem como resultado dois pontos centrais: perda de produtividade e impactos negativos para a marca empregadora.
Nesse contexto, as lideranças também podem ficar impotentes uma vez que os colaboradores estão fazendo o mínimo por alegar problemas nas condições de trabalho. Além disso, a transparência na comunicação também é prejudicada.
O que pode levar ao quiet quitting:
Mesmo com quiet quitting dividindo opiniões o fenômeno já se propagou e por isso as empresas precisam saber lidar com essas questões, considerando também todo o cenário de desengajamento..
Esse é o momento certo que os líderes e profissionais de RH devem fortalecer o negócio e a relação com os colaboradores.
Alinhamento atividades: No recrutamento e durante a jornada do colaborador é importante ter definida quais são as demandas dos funcionários e também expectativas em relação às suas entregas.
Planejamento de cargos e salários: Além de alinhar demandas, é importante fazer ajustes de cargos e salários de tempos em tempos, garantindo equiparação com o mercado.
Escuta aditiva de funcionários: Uma das principais formas de analisar o clima organizacional e garantir o engajamento e motivação dos funcionários é ouvir a sua visão sobre a empresa.
Crie um ambiente seguro: Por meio da escuta constante é possível criar um canal de comunicação aberta que possibilita maior confiança para expor as dificuldades.
Divisão entre trabalho e vida pessoal: Incentive que os funcionários tenham seus momentos de lazer e convívio familiar, respeitando seu horário de trabalho e os períodos de ócio.
O quiet quitting pode representar um novo capítulo para a marca empregadora e jornada dos colaboradores, com empresas mais preocupadas com a valorização e saúde mental dos funcionários.
Por isso, da mesma forma que os profissionais ficaram mais atentos à temática, as empresas também precisam analisar seus posicionamentos.